Festa da primavera

"Bela primavera

perfuma o ar

borboletas voam comigo a cantar"

Chegou a primavera e na escola é tempo de festejar, cantar. Cada família leva um prato, sucos e flores naturais. Um grande pic nic, todos confeccionam juntos as coroas de flores naturais que deixam cada criança ainda mais bela e alegre. Integração, conversas e uma roda de canto saudando a chegada das flores. É uma bela festa que acontece todo ano marcando mais um ciclo, um ritmo. E como é bom fazer parte!

pais e professores na confecção das coroas

Fernanda e Rebeca Sayuri, amigas de classe

meninos também usam flores, sem rótulos

 
roda de canto, todos juntos

"Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem.

Isso mesmo!

Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.

Perder? Como?

Não é nosso, recordam-se?

Foi apenas um empréstimo!"

José Saramago

Cachoeira pra lavar a alma

Férias de julho, mamãe e papai trabalhando normalmente, Olívia de férias. Um mês em casa, longe dos amigos e sem programação. Não rola! É necessário esquematizar um cronograma de férias, alguma coisa para encher o coração. No meio do mês ela ja estava pra lá de entediada e então resolvi jogar tudo pro ar e tirar a última semana para fazer uma viagem. Um amigo havia comentado de um festival chamado Encontro de Culturas Tradicionais que rola todo ano, nessa época, na Chapada dos Veadeiros. Pronto, decidido! Arrumamos as malas, compramos passagens e convencemos a tia Lizi de ir conosco. Papai não pode ir, infelizmente.

O festival rola na Vila de São Jorge, que fica em Alto Paraíso na Chapada dos Veadeiros, norte de Goiás. A vila fica na porta do parque nacional e é rodeada de cachoeiras maravilhosas. Foi uma semana de muita trilha, cachoeiras e aventuras. Fizemos trilha com ela na mochila, de sling, andando e até com ela dormindo na mochila. Quando chegávamos nas cachoeiras ela falava: "mamãe, vamos fazer uma aventura especial?" e lá iamos nós andando pelas pedras e desbravando o lugar. Ela achando o máximo e eu também. Entrar na água gelada foi outra história, ela se empolgava quando eu falava mas era só por o pé que dava pra trás... rs não entrou de jeito nenhum na água. Eu e tia Lizi entramos em todas mas ela só olhou.

Na cidade uma programação diferente a cada dia. Assistimos roda de viola, espetáculo de circo, coral, tambores. O festival é demais! Aliás, vale muito a pena ir para ficar mais envolvida com o festival e tirar mais uns dias para as cachoeiras. De qualquer forma você não vai conseguir conhecer tudo. Mesmo que você passe o mês não vai conseguir conhecer nem metade do que tem lá. A vila é uma delícia, rua de terra, muitos hippies com suas mercadorias, restaurantes gostosos. Nós ficamos no albergue Casa da Sucupira que é uma delicia também. E nossa barraca era nosso castelo das princesas ;-)

Enfim, passamos uma semana maravilhosa, rodeadas de natureza e ela mais uma vez provou que é uma super parceira. Comeu o que tinha na hora que tinha. Dormiu aonde dava... mochila, cachoeira, barraca. Curtiu tudo que a gente ofereceu. Se comportou muito bem e não deu um pingo de trabalho. Tia Lizi também foi uma super companheira, divertida, topa tudo e muito engraçada.

Outro dia ela viu uma fonte e disse: "olha mamãe, uma cachoeira de mentirinha" =)

Catarata dos Couros

 tia Lizi

 energia positiva

 pezinhos que ainda vão se aventurar muito

 ommm

 o amigo Felipe

soneca

Chegou a hora do rosa

Desde que descobri que estava grávida de uma menina fiz um movimento forte que eu dizia era a "Campanha do diga NÃO rosa". Espalhei para os quatro cantos que eu não gostava de rosa e não queria ganhar nada rosa para ela. Muitas pessoas estranhavam, algumas achavam interessante e outras me recriminavam dizendo: "vc vai ver, daqui um tempo ela vai escolher tudo rosa".

Na verdade eu não tenho nada contra o rosa, acho lindo inclusive. Só não me agrada nem um pouco o quarto rosa, os brinquedos rosas, todas as roupas rosa, a mochila rosa, o tenis rosa... afe, uma menina não tem direito de gostar do amarelo ou do verde? Mas como ela vai conseguir escolher se só for apresentada ao rosa? E o que eu queria era que ela tivesse tanta roupa rosa como todas as outras cores e não fosse um bebê mono cromático.

Deu certo! E o resultado foi uma guarda-roupa lindo, todo colorido e divertido =)

Ainda sim algumas pessoas diziam: "daqui um tempo vc vai ver, ela vai querer tudo rosa" e minha resposta sempre foi: "quando ela me pedir alguma coisa rosa eu vou dar achando o máximo"

Esse dia chegou... estavamos numa dessas lojas de R$1,00 onde tem de tudo e ela achou uma caixa enorme cheia de bolas. Bolas de futebol, volei, borracha. Ela adora bola e quando viu disse entusiasmada: "olha mamãe, bolas!" Foi até lá, tirou um monte e escolheu uma rosa. Não, a bola não é só rosa. É uma mistura de rosa, com pink, com rosa choque, com rosa bebê e pra arrematar um monte de Barbie. Ela não sabe quem é  a Barbie mas disse que era a bola das princesas. "Mamãe, eu quero essa". Eu respirei fundo... mais por que a bola é da Barbie do que por que é rosa. Falei: "Vamos ver as outras?"

ela: vamos!
eu: olha essa que legal, verde e rosa (bem menos cheguei e sem personagens)
ela: que linda mamãe
eu: olha essa vermelha que demais
ela: é mesmo
eu: nossa!! a bola do Toy Story... vamos levar essa?
ela: não mamãe, essa é de menino, quero a das princesas

Então me lembrei que esse dia um dia ia chegar e fomos pra casa felizes e contentes com a bola da Barbie de baixo do braço...rs E sabe o que jogamos quando chegamos em casa e a pedido dela? Futebol hahaha

Logo depois de escolhida a bola ela olhou a caixa de carrinhos e disse "quero um carrinho também"...

Esconde-esconde... amarelinha...

Terças e quintas ela fica o dia inteiro na escola e no período da tarde não tem aula, é recreação, e todas as crianças ficam juntas. Outro dia cheguei e eles estavam brincando de esconde-esconde. Alguns com cinco anos, outros com sete e ela com dois... claro que ela ainda não acompanha, mas a maneira cuidadosa como as crianças grandes se relacionam com as pequenas nessa escola me impressiona. Quando ela me viu, veio correndo empolgadissima e disse: "to brincando de esconde-esconde qué vê?" e foi pra parede para bater cara. Enquanto isso todos continuavam brincando e ela me ensinando como era a brincadeira. Os olhinhos brilhavam!

Em outra tarde de terça ou quinta a brincadeira era amarelinha. Sua parceira era Sofia, a filha da professora Elaine de quase quatro anos. Sofia fez a parte dela e lá foi Olivia para sua performance. Uma pena eu não ter gravado. Foi de chorar de rir ela tentando coordenar o salto em um pé só. O mais incrível na minha opinião foi que Sofia não tentou ensinar, não recriminou por ela estar fazendo "errado". Bateu palma falou "muito bem" e olhou pra mim com uma piscadinha.

E como é bom relembrar essas brincadeiras de infância. Como é bom voltar a nossa infância através de nossos filhos. E como é bom ver eles brincando! Pensando nisso lembrei de um texto bem bacana de uma grande amiga pedagoga. O texto fala sobre como é importante a criança se mexer para aprender. Vale a leitura!

Cores para colorir

Já tem um tempo que ela começou identificar as cores. No início era tudo azul... o carrinho vermelho era azul, a laranja era azul, a camiseta amarela era azul... rs.. aos poucos as cores foram se definindo e dia desses, durante o banho ela pegou os quatro potinhos de cores primarias e relacionou com as canetas de desenhar no azuleijo, tbm em cores primarias. Colocou a caneta azul dentro do pote azul, a amarela dentro do pote amarelo e assim por diante. Foi uma super descoberta. A carinha de "nossa como isso faz sentido" foi impagável =)

Ontem brincando com meu estojo e as canetas pegou uma bic preta e colocou junto com a lapiseira (que é preta) e do outro lado a duas canetas azuis... virou pra mim e disse assim:

"Mamãe, essa é prima dessa e essa é prima dessa, igual eu a Giulia"

Essa mocinha da foto é Gabriela. Uma amiga que compartilha muitas coisas e adora tirar foto!

Desfralde

16/12/10
tinha acabado de acordar, fralda no bumbum.
para, pensa e diz:
- mamãe, quero fazer coco no penico

A hora do desfralde chega assim, natural e espontaneamente. Desde esse primeiro coco, nunca mais fez coco na fralda. Agora o grande lance é usar calçinha, acha o máximo! O xixi ainda escapa bastante, é mais difícil de perceber e além do mais são tantas coisas legais pra fazer que não da tempo de lembrar do xixi. O ideal é encarar na boa as escapadas, mas confesso que as vezes a minha reação de "putz, o sofá" ou "caramba, a roupa limpinha que acabamos de colocar" também é natural e espotanea =/

A fralda da noite ainda nem pensamos em tirar por conta dessas escapadas diurnas. Se ela não percebe acordada, imagina dormindo. Mas esta super se achando indo pra escola de calçinha como todas as amiguinhas novas. E na real já mudou de fase, agora muitos dos xixis ou cocos acontecem naquele adaptador de assento, para crianças, que vai direto na privada. Ah! É tão mais fácil dar descarga do que lavar penico... rs e vale uma palhaçada =)

Tempo de escola

Enfim chegou o dia de ir para escola nova. Comentei por aqui, em algum outro post, que estava procurando escola para ela. Depois de uma peregrinação por 19 escolas e vários métodos e pedagogia cheguei a conclusão que era uma escola Waldorf a melhor opção. Pra quem não sabe a pedagogia Waldorf se baseia na Antroposofia e tem uma abordagem nas necessidades e desenvolvimento da criança que, na minha opinião, são maravilhosas. André tem algumas ressalvas sobre a Waldorf e eu acho que são coerentes. Porém decidimos que pelo menos durante a educação infantil é lá que ela vai ficar e assim teremos tempo e contato para conhecer melhor e decidir o que vai ser do ensino fundamental. Existem várias opções e ela esta em uma chamada Manacá. Pra quem quiser pesquisar tem dois sites bem interessantes:

- Federação das Escolas Waldorf do Brasil
- Antroposofia

Voltando ao primeiro dia e semana de aula. Ela simplesmente amou! No primeiro dia fiquei algumas horas na escola sentada com outras mães e eles brincando no parquinho. Na hora de entrar pra almoçar eu falei pra ela: "mamãe vai trabalhar um pouquinho e volto pra te buscar mais tarde", ela me deu um beijo toda feliz e entrou. Quando cheguei pra pega-la, ela me mostrou, toda empolgada, a sala de aula, a cozinha (dentro da sala) onde eles "fazem" comida e o lugar de guardar as mochilas. Chorou porque não queria ir embora..rs E assim foi a semana inteira. No segundo ou terceiro dia ela deu uma choradinha quando falei que ia trabalhar mas parou segundos depois. Eu só fiquei um tempo maior no primeiro dia. A professora dela, Elaine, é uma graça. Uma voz aveludada, um sorriso lindo. Aquela mulher com cara de mãezona que da vontade de pedir colo, sabe? 

Lá as crianças brincam descalços no parquinho, rolam na terra e sobem em árvores... e quantas árvores! A classe é o castelo das princesas que não se vestem com brilhos, não sofrem overdose de rosa nem de brinquedos ultra modernos e plastificados. Alias os brinquedos são demais. Perfeitos em sua simplicidade. Bacias e baldes de ferro. Colheres de pau. Tudo feito de madeira. Uma pedra pode virar muitas coisas na fantasia dos pequenos. Enfim, estou plenamente satisfeita com nossa escolha. E claro isso reflete nela, que esta adorando.

Ahhh... e claro, como não podia ser diferente lá ela come de tudo. Na verdade eu conversei com a professora no primeiro dia e ela ficou em cima. Oli senta do lado dela..rs Mas ela come simplesmente tudo que não come em casa. Isso já era de se esperar né? O melhor é que a comida é toda orgânica e eles não dão doce, bala ou bolacha recheada. Perfeito! E o cheiro é uma delícia...

"Quando o ensino e a educação consistem em transmitir a vida a outra vida, o resultado será vida, que se desenvolve e prospera"

Rudolf Steiner

Uma noite dessas, no processo de escovar os dentes, ir pro quarto, ler história e apagar a luz... ela, ja mexendo no meu cabelo, em vias de pegar no sono, vira e diz: "ai minha linda"... eu não aguentei e cai na risada.

ela levanta a cabeça e pergunta: que foi?
eu: nada querida
ela me dá um beijo na testa, deita novamente e diz: meu amor...

preciso dizer mais alguma coisa?